Pesquisa narrativa em educação

a experiência do vivido como caminho metodológico

Resumo

O recurso das narrativas como método de pesquisa vem sendo usado no Brasil há pouco mais de duas décadas, a partir das contribuições do autor português António Nóvoa (1992), com as histórias de vida de professores, e dos autores canadenses Michael Connelly e Jean Clandinin, entre outros. A obra "Pesquisa narrativa: experiência e história em pesquisa qualitativa" apresenta o método como significativa possibilidade de pesquisa em educação, uma forma narrativa de compreender as experiências que vivemos e investigamos. Os autores apontam a influência do filósofo John Dewey, principalmente no que se refere ao conceito de experiência como palavra-chave para os estudos em Educação. Por meio de revisão bibliográfica, o presente estudo pretende discutir essa metodologia, debruçando-se especialmente sobre um dos tipos de pesquisa narrativa no campo educacional - a narrativa de experiências do vivido (LIMA; GERALDI; GERALDI, 2015) - que adotamos no Projeto de pesquisa apresentado ao Programa de Mestrado em Ciências Humanas da Universidade Santo Amaro “Imaginário e o motivo mítico do regresso ao útero: uma pesquisa narrativa acerca do faz de conta infantil”. Ao narrar sua experiência, o sujeito extrai lições sobre o vivido; o conhecimento é produzido a partir dos diálogos entre a experiência significativa e a base teórica que se elege para investigação. Conferir voz ao sujeito da experiência mostra-se relevante nas Ciências Humanas, sobretudo na área da Educação, pois, ao dar oportunidade para o docente compartilhar práticas pedagógicas, contribui-se para a superação da dicotomia entre teoria e prática, imprimindo coerência a uma profissão que se constrói sob as bases do encontro de vidas, de saberes e de fazeres. Testemunho e legado tecem essa escrita reflexiva na construção de um pensar relacional que narra e problematiza a história de uma vida em seu imbricamento com a vida de outros.