A obra científica de Goethe/Rudolf Steiner

Resumo

O método científico como ferramenta para a observação da natureza, oferecia na época de Steiner, a descrição do ser vivo como se fosse um amontoado mecânico de coisas. Mas o que se tinha à frente já não era mais o organismo, pois faltava-lhe algo essencial e principal: a vida. Ao se debruçar sobre a obra científica de Goethe, Steiner vê uma personalidade capaz de integrar o conhecimento da natureza e compreender que em todo organismo a aparência exterior é impregnada por um princípio interior e que o todo atua em todos os seus órgãos. O olhar contemplativo de Goethe se apresenta como um novo método científico, que não se trata da descoberta de fatos novos, mas da abertura de um novo ponto de vista, de uma maneira bem definida de enfocar a natureza. Ao estudar o reino das plantas, Goethe não se satisfez com a ênfase às características que as diferenciavam, mas procurou unir tudo o que haviam separado, para compreender em que consiste o "algo" que faz, de um determinado ser da natureza, uma planta. O organismo animal imaginado por ele não existe na realidade sensória, mas em um organismo não-material, esse pensamento dá origem ao que Goethe irá chamar de "tipo", termo destinado a designar não um animal singular, mas a "idéia" do animal, enquanto os cientistas da época estavam principalmente interessados em achar características que diferenciassem uma espécie animal de outra. Foram muitas as contribuições de Goethe. Steiner demonstra grande apreciação sobre o potencial de sua abordagem, como a descoberta do osso intermaxilar no ser humano, o que demonstrou de forma elegante a eficiência dos métodos goethianos na pesquisa científica. Propomos aqui uma reflexão sobre as semelhanças entre os métodos científicos antigos e atuais, e quais os caminhos para a abordagem educacional da metodologia científica para estudar o meio ambiente.